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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Foi o espírito de Samuel ou um espírito maligno?

Há questões na Bíblia que os homens fazem delas polêmicas desnecessárias, mesmo sendo tão claras. Não é esse o caso. O espírito que Saul consultou foi do profeta Samuel mesmo, ou foi um espírito maligno? 

As duas tendências de interpretação busca argumentos no texto e no contexto, e se colocam de maneira razoável. No entanto, gostaria de me posicionar: o espírito que apareceu a Saul foi um espírito maligno; não foi o espírito do profeta Samuel. Eu penso assim porque:

Saul foi motivado pelo medo (1 Sm. 28.5). Ele ficou apavorado. Essa condição emocional é contraditória com a fé e o amor, pois o perfeito amor lança fora o medo (1 Jo. 4.8), e a fé não dá lugar ao medo, a dúvida, que é pecado (Rm. 14.23).

Saul busca ao Senhor e não persevera. Ele decide consultar uma necromante porque foi egoísta e queria uma resposta pessoal a qualquer custo (1 Sm. 28.6-7). Aqui Saul fere princípios básicos a favor da mediunidade e necromancia, coisas abomináveis ao Senhor (Dt. 18.11).

Saul está mergulhado numa vida indigna. Agora a sua atitude é a falta de transparência. Ele se disfarça e nesse contexto de ilusão e engano ele reconhece que a mulher tinha poder sobre os espíritos. E ela mesmo se reconhece acima dos espíritos dos mortos (1 Sm. 28.8-11). Seria possível então ao homem natural, mortal e pecador dominar entre os espíritos já mortos? Ela então teve poder de fazer subir o espírito de Samuel e o faria se fosse qualquer outro já que mandava no reino dos mortos? Quem jamais poderia dominar o Sheol?

Saul deduziu que fosse Samuel (1 Sm. 28.12-14). Como confiar numa necromante, num espírito e num rei desviado?

E, por fim, Saul recebe uma palavra de juízo (1 Sm. 28.15-25) que mais tarde veio a se cumprir (1 Sm. 31). Aqui seria a maior dificuldade do texto para sustentar a minha posição. No entanto, no contexto vétero-testamentário era comum Deus usar um espírito maligno para cumprir os seus propósitos. Já que Saul buscou uma necromante, dali mesmo ouviria o seu juízo. Aliás, o próprio Saul já havia provado de um espírito maligno enviado pelo próprio Senhor para atormentá-lo (1 Sm. 16.14).

Assim o texto bíblico se apresenta e salta aos meus olhos, bem como o caráter contextual do restante das Escrituras. E antes de começar a escrever esse texto achei que seria apenas uma questão de posicionamento sem implicações práticas. Mas, ao chegar aqui vi um perigo em entender que era Samuel: se Deus usou uma necromante para fazer subir Samuel porque não poderia acontecer isso ainda hoje? Abrir é não fechar com a natureza das Escrituras.

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