Sinta-se Em Casa

Entre. Puxe a cadeira. Estique as pernas. Tome um café, e vamos dialogar com a alma.



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

REFORMA: Muita Coisa Aconteceu Antes!

Até que acontecesse a oficialização da Reforma aos 31 de Outubro de 1517 muito sangue foi derramado.
Depois de seis Cruzadas aconteceu um dos episódios mais triste da história quando as crianças francesas e germânicas, lideradas por dois garotos, saíram contra os mulçumanos sob a suposição de que venceriam porque eram puras. Aquelas que não morreram foram mantidas como escravas no Egito.
O que houve de contribuição desse período para uma reforma futura foram os movimentos monásticos (franciscanos, domicianos, cavaleiros templários etc). 
O perfil dos monges, de todas as ordens, tinha em comum uma vida ascética e a dedicação aos estudos e a vida de oração.
Essa disciplina toda não foi suficiente para resolver a carência espiritual, inclusive de Lutero séculos mais tarde, o qual se refugiou num monastério.
Também houve Movimentos Leigos que precederam a Reforma: os albigenses tornaram o Novo Testamento a expressão legítima de sua fé e rejeitavam a autoridade papal como infalível, e por isso, foram perseguidos por uma Cruzada (1208).
Os valdenses puritanos que pregavam como leigos e o papa os proibiu (1184). Eles defendiam a Bíblia na mão de todo o povo e com autoridade final. Até hoje se reúnem no norte da Itália com mais de 35.000 crentes (registro dos anos 80).
Logo em seguida aos movimentos o escolasticismo ganhava força no desenvolvimento dos estudos e no surgimento da Universidade, o poder papal entrava em declínio (1309-1439), inclusive por conta da moralidade dos clérigos.
A queda do prestígio papal foi tão grande que houve um cisma: o norte da Itália, grande parte da Germânia, a Escandinávia e a Inglaterra seguiram o papa romano; a França, a Espanha, a Escócia e o sul da Itália preferiram se submeter ao papa de Avignon, na França.
A Reforma era evidente a essa altura, não só por questão de liderança, mas por finanças também: os impostos papais estavam se tornando um fardo para o povo europeu.
Houve também uma contribuição política, pois surgiram nações-estados, que se opunham a uma soberania universal do papa.
Os movimentos do Misticismo também deram a sua colaboração para a Reforma porque se levantou contra aquela postura mais racionalista e ao mesmo tempo se colocou como uma solução e alívio frente a tantos tempos atribulados: Peste Negra (1348-49) que dizimou um terço da população europeia; e a Revolta dos Camponeses (1381) na Inglaterra que era uma evidência de insatisfação social associada com as ideias de Wycliffe.
Somente após séculos e muitos movimentos é que vieram aqueles que consideramos os precursores mais diretos da Reforma:
João Wycliffe (c. 1328-1384), o estudante e professor de Oxford, desafiou o papa e os dogmas romanos defendendo que Cristo e não o papa é o líder da Igreja e tornou a Bíblia acessível ao seu povo, traduzindo-a para o inglês popular.
João Huss (c. 1373-1415) leu e adotou as ideias de Wycliffe. Huss foi queimado vivo numa fogueira, mas seu livro, De Ecclesia, foi salvo. Ele tentou reformar a Igreja da Boêmia (Tchecoslováquia).
Os discípulos de Huss (Taboritas) foram ainda mais radicais. Rejeitaram tudo o que não estivesse na Bíblia. Deles vieram os Unitas Fratum (Irmãos Unidos) ou Irmãos Boêmios no século XV, de onde mais tarde veio a Igreja Morávia que teve uma reunião de oração que durou 100 anos acompanhada de envios constantes de missionários pelo mundo.
Savonarola (1452-1498) se dedicou a Reforma da Igreja em Florença (Itália) e se levantou contra todo o tipo de vida desregrada. E o papa o condenou ao enforcamento.
Além desses movimentos e precursores também houve os Concílios Reformadores (1409-1449).
O Concílio de Pisa (1409) depôs o Papa Benedito XIII e Gregório XII, os quais não aceitaram o novo papa Alexandre V, ficando assim a inconsistência de três papas.
O Concílio de Constança (1414-1418) estabeleceu um outro papa, Martinho V, que passou a ser o único, mas nesse concílio substituiu o absolutismo papal pelo controle conciliar. O poder agora estava dividido e distribuído.
O Concílio de Basiléia (1431-1449) e Ferrara-Florença (1438-1449) foram concílios rivais. O primeiro foi reformista e pretendia dar continuidade ao movimento de John Huss, no entanto se enfraqueceu diante de Florença que trouxe o ressurgimento do poder papal.
Foi nessas idas e vindas, vitórias e aparentes derrotas, muitas controvérsias, mortes... que o poder papal se enfraqueceu e aos poucos homens de Deus, verdadeiros mártires, foram sendo levantados ao longo de séculos.
Afinal, o que foi a Reforma?
Um historiador católico romano a define como uma revolta, para um historiador secular ela foi um movimento revolucionário, mas para um protestante significa o retorno aos princípios do Novo Testamento.
Esse retorno se levantou defendendo o “sacerdócio universal dos crentes” contra o clericalismo (hierarquia engessada), o simonismo (venda de cargos eclesiásticos) e as indulgências (venda do perdão e da salvação).
O “sacerdócio universal dos crentes” se estabeleceu sob as seguintes bandeiras:
“Sola Scripture” – a suficiência plena das Escrituras.
“Sola Fides, Sola Gratia, Solo Christus e Soli Deo Gloria” – a glória de Deus a partir da exclusividade da fé e da graça na pessoa de Jesus somente.
A partir daí – de uma boa base – veio João Calvino como um pós-reformador, que muito e mais escreveu sobre a Teologia, lançando consistência e amplitude a compreensão das Escrituras.
O que dizer frente a essas coisas? Que o nosso Deus escreve a História. Ele mesmo vai tecendo cada decisão e se utilizando de cada confusão na instrumentalidade de servos entregues. Somente “A ele seja a glória pra sempre! Amém. Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas". (Rm. 11.36)
(Obs.: Esse texto foi desenvolvido a partir do Livro "O Cristianismo Através dos Séculos" de Earle Cairns)

INSTAGRAM: @vacilius.lima

Nenhum comentário:

Postar um comentário