Sinta-se Em Casa

Entre. Puxe a cadeira. Estique as pernas. Tome um café, e vamos dialogar com a alma.



terça-feira, 30 de abril de 2013

O que Creio sobre os Dízimos?

O dízimo não é produto da Lei Mosaica. Ela apenas o oficializou (Ml. 3.10).

O dízimo precede a Lei quando Abraão o entrega a Melquisedeque num ato de gratidão (Hb. 7.1-10). 

Interessante nesse texto é que Levi (que viria mais tarde) é mencionado como se ele mesmo desse o dízimo através de Abraão. Por quê? Porque Melquisedeque está acima da ordem levítica e representa Jesus. 

O que vemos aqui? Gratidão da parte de quem dá e ministração de bênção da parte de quem recebe.

E depois da Lei? Jesus menciona os dízimos como uma prática que deveria ser acompanhada de caráter (fidelidade, justiça e misericórdia) - Mt. 23.23.

Jesus não estaria ainda num contexto judaico? Sim. É nesse contexto que veio e inaugura nEle numa nova dispensação. A graça agora estabelecida não admitiria a entrega do dízimo pelo dízimo em si, mas como parte de uma vida plena.

E os apóstolos? Vão além do dízimo. Paulo não se prende a uma questão já resolvida. Ele fala de ofertas acompanhadas de generosidade de acordo com a medida da fé e da renda (1 Co. 16.1-4; 2 Co. 9.6-15). É uma prática para-além dos dízimos.

Sendo assim, a graça não é limitadora. Ela expande, vai além. Ela requer mais que dízimos. Requer vida plena. Requer aperfeiçoamento e até ampliação no ato de dar.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Todo Dia Deveria Ser Uma Despedida!

O que acontece numa despedida? Festa, lágrimas, recordações, abraços, agradecimentos, valorização dos últimos momentos.

Não é assim que deveríamos viver todo dia?

Se vivêssemos em clima de despedida abraçaríamos mais, adiaríamos menos, valorizaríamos mais as pessoas, aproveitaríamos a simplicidade de cada momento.

Viver em clima de despedida só não serve quando a dor da possível partida nos faz adoecer. Não é nesse sentido. 

A despedida boa é a despedida de solteiro, aquele abraço na entrega da filha e logo passam as lágrimas e a festa continua, aquelas lágrimas porque passamos dias maravilhosos juntos e agora está na hora de voltar pra casa na esperança da próxima férias.

Vamos aproveitar melhor cada momento da nossa vida? O que sentimos depois são as coisas mais comuns que não percebemos no dia-a-dia.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Tudo é Nosso Porque Tudo é Dele (1 Co. 3.21-23)

Em Cristo tudo tem significado. Vida e morte não são contraditórias. Presente e futuro andam juntos: na direção dEle. E se tudo nEle tem sentido, a nossa vida vale a pena - e a morte também.



A Diferença entre o MDA* e o Novo Testamento


O MDA (Modelo de Discipulado Apostólico)  tem com viés o "um a um". E Jesus? E o Novo Testamento?

O MDA pressupõe que nas longas caminhadas Jesus explora o "um a um". "Pressupõe?" Que segurança há na interpretação a partir de pressuposições? 

O MDA se coloca como o novo mover de Deus assim como o G12 se colocava. E a Igreja Neo-testamentária? E a simplicidade do Evangelho? Não há nada de novo: o "Evangelion" (Boas Novas) é a novidade suficiente ainda hoje, que nos foi revelada em Cristo. É dele que Paulo está falando ao dizer: "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem mente alguma imaginou o que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (1 Co. 2.9)

Jesus andou com 12 e ampliou o grupo até chegar na comissão dos 70. Eles os envia de dois em dois porque foram enviados às ovelhas perdidas da casa de Israel. Culturalmente um judeu não aceita testemunho de apenas uma pessoa. Nada tem a ver com "um a um".

O modelo de liderança neo-testamentária não é "um a um" nem de 12. O MOLINET (Modelo de Liderança Neo-Testamentária) é PLURAL. A começar de Jesus.

Paulo discipulou muitos e disse a Timóteo: "O que de mim recebestes, transmite-o a homens fiéis e idôneos que sejam capazes de transmitir a outros" (2 Tm. 2.2). Aqui é Paulo que foi discipulado por Barnabé e ambos saem em viagem missionária com dois outros discípulos: João Marcos e Silas. Só acontece o "um a um" por causa da divisão.

A ordem de "transmitir a homens idôneos" é plural - está num contexto de seleção de homens maduros para o cuidado pastoral. Maduros porque deveriam ser qualificados não apenas no conhecimento, mas na vida - inclusive com provas de maturidade como líderes de casa (1 Tm. 3.5). E quando fala desses homens cuidadores ele afirma que não podem ser novos convertidos (1 Tm. 3.6). Cursinho nenhum de verão habilita alguém a cuidar do coração de outro.

Um outro momento em que Paulo se considera "um a um" tem um tom negativo: "Somente Lucas está comigo" (2 Tm. 4.11)

Também disse a Tito: "Deixei-te em Creta para que pusesses as coisas em ordem e estabeleces presbíteros." (Tt. 1.5) A liderança neo-testamentária é plural e diz respeito aos "presbiterói" = "anciões" = "homens experimentados" = "pais de família".

Todas as vezes que a Bíblia fala de cuidado pastoral próximo o faz relacionando com maturidade de quem cuida. Inclusive quando aos Colossenses Paulo fala para um cuidar do outro é para aqueles em quem habita ricamente a Palavra de Cristo, em toda a sabedoria (Cl. 3.16). Toda sabedoria e riqueza na Palavra de Cristo não são adquiridos com breves cursinhos, nem com poucos anos de vida cristã comprometida.

É uma questão de maturação orgânica. Não há organismo capaz de digerir alimento sólido se ainda é tempo de leite. Bebê na fé toma leite e só continua no leite quem é negligente. Mas, somente com "o tempo decorrido" é que muitos já deveriam ser mestres (Hb. 5.11-14).

"Ninguém se apresse em ser mestre." (Tg. 3.1) é no sentido de: "Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres." (NVI)

O MDA também explora Tiago 5.16 que sobre a confissão particular a alguém. Equívoco exegético! Todo contexto imediato atribui aos presbíteros - esses homens maduros de quem falamos - a tarefa de ir até o enfermo e ouvir dele a confissão dos pecados, caso haja algum. Aqui não se trata de ter um confidente pessoal a quem se tem que contar tudo.

O pano de fundo dessa carta é judaico e os sacerdotes judaicos tinham costume de associar confissão de pecados para a cura. Realidade que coloca os próprios presbíteros como responsáveis para ouvirem a confissão. 

O MDA é visão pragmática de crescimento quantitativo de Igreja. E sendo pragmáticos precisamos ouvir o testemunho da Editora Cristã Evangélica que produz material didático para a Escola Bíblica: "As Igrejas estão deixando a Escola Bíblica para se ocuparem com cursinhos de liderança que logo se esgotam. A Bíblia é inesgotável e só amadurecem com consistência as Igrejas que a estudam como se faz na escola. Não parte dela. Toda ela. As mais de 15.000 igrejas que usam o nosso material tem testemunho claro de que aqueles que passam pela Escola Bíblica é que normalmente amadurecem e se tornam líderes de excelência." (Parafraseando Abimael de Souza - presidente da Editora)

(Obs. prática: a classe dos adultos levaria cerca 15 anos para estudar os 50 títulos disponíveis, que é um tempo mínimo para pensar em alguém que assuma o cuidado de vidas. Os jovens tem 26 títulos, os adolescentes 10, os juniores 16 e as crianças mais 6).

Outro dado pragmático da Editora é que "a Igreja que não atenta para um currículo expansivo de Escola Bíblica normalmente perdem as ovelhas quando ainda são juniores porque é nessa fase que se ganha e se motiva. Se depois da contação de histórias na educação infantil não é feito um bom trabalho de doutrinação com dinamismo para os juniores, teremos adolescentes desanimados que provavelmente se afastarão ou se tornarão jovens apáticos." (parafraseando Pr. Alan - responsável pelas revistas de juniores)

Então por teologia e por filosofia devemos imitar a Paulo que pregou todos os desígnios de Deus à Igreja de Éfeso, por 3 anos, noite e dia, publicamente e nas casas, e quando foi se despedir reuniu os presbíteros para alertar que lobos não poupariam o rebanho, entre eles mesmos (At. 20.17, 28-31). Em termos práticos o "um a um" pode ter um efeito colateral desastroso por fomentar indiscriminadamente a intimidade. É um ambiente propício para os lobos. 

Sendo assim, qualquer modelo de crescimento de Igreja que não preze pela maturação a partir da perseverança (Rm. 5.3-5) contraria a simplicidade do Evangelho (2 Co. 11.3).

*(Obs.: Depois de muito tempo eu acrescento essa nota: acabei de ser alertado por um irmão que cautelosamente me mostrou ser o radicalismo do MDA coisa de alguns imprudentes apenas. Há igrejas que o fazem com cuidado, entendendo ser uma ferramenta e não a "última e maior visão").

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Lingerie Pra Homens Héteros?

"Essa é a proposta de uma empresa australiana, que lançou no International Fashion Show, realizado em Las Vegas (EUA), um conjunto de lingerie, um tanto atrevido, exclusivamente para o público masculino." (UOL)

Novamente outra proposta filosófica estética de não fazer diferença entre homem e mulher. A proposta da empresa não é só para gays, mas para o público hétero também.


Empresas de brinquedo e roupas infantis já defendem a Pedagogia Neutra, e agora querem que os homens usem lingerie.


Lingerie delicada é coisa de mulher e de gay! Deus fez a mulher com um pincel delicado e ao homem esculpiu com talhadeira e martelo. (Isso é só uma forma de diferenciar a masculinidade).


Não defendo que todo homem traz uma mulher oculta, nem que eles não podem ser sensíveis. Mas ainda sou daqueles que defendem a posição bíblica de Pedro sobre a mulher : "parte frágil" (1 Pe. 3.7). Não que elas sejam mais fracas. São muito fortes, mas devem ser tratadas como parte mais frágil. É o que o texto diz.


Então vamos parar de boiolice ou os nossos filhos e netos vão viver num mundo cor-de-rosa.


Mulher Tem Dia de Folga?

Já está estabelecido: mulheres que trabalham fora completam sua jornada em casa, e os homens dão uma forcinha. O quadro mudou?

Está mudando. Mas, culturalmente os homens vêm de um costume: trabalhar a semana toda e desfrutar de um direito: futebol, boteco, amigos ou simplesmente se sentar diante da TV, ler jornal e desfrutar do descanso merecido.

E o descanso mais que merecido da mulher? 

Elas cooperam no orçamento da casa e em casa. E o seu dia de folga?

Deus trabalhou seis dias e descansou no sétimo. Qual é o sétimo dia da sua mulher?

O sétimo dia é dia de não fazer o que se faz todo dia. O sétimo dia é dia de fazer coisas diferentes e livremente. O sétimo dia, o dia da folga, é o dia de servir a quem nos serve todos os dias.

Vamos planejar um dia semanal onde elas (mães, esposas e irmãs) serão servidas?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Autoridades Crucificam Jesus Hoje!

Estamos cercados de desvios porque as autoridades não reconhecem o Evangelho e com isso expõem Cristo novamente à vergonha pública.

A questão da maioridade penal, investimentos tecnológicos avançados para tirar dinheiro do povo através da multas e não para prevenção da criminalidade, sistema corrompido no esporte, gente falando em nome do povo e de Deus em lugar errado...


Sexshop Gospel?

Não sei há quanto existe lá fora, mas semana passada recebi notícias sobre a novidade no Brasil de "sexshop gospel". E então me pediram para eu opinar. Mas, acho que antes de falarmos de um lugar precisamos nos precaver de alguns perigos:

O costume do casal por objetos pode alienar a relação e torná-la dependente do fetiche. A psicanálise define fetichismo como o desvio do prazer sexual para partes específicas do corpo, objetos e lugares. 

É a excitação só se for com aquela fantasia, aqueles brinquedinhos ou simplesmente naquela situação. A pessoa é diminuída frente aos acessórios. O prazer não é o ser, mas o ter. É uma corrupção da essência do amor cuja proposta é se dar e não se obter.

A dependência de acessórios tende a levar a outros desvios como o infantilismo. Aquela necessidade excitante de ser tratado como bebê. Só se atinge o prazer máximo se houver chupetas e fraldas na relação.

Penso que essa alienação pode ser uma porta para a pedofilia. E mesmo que incorra nisso a relação apequena a possibilidade de um ser emancipado, livre, que se entrega.

A busca por acessórios pode criar uma ambiente propício à masturbação. Por que depender de alguém para o prazer se é possível desfrutá-lo com coisas? Ainda que essas coisas sejam apenas fantasias imaginárias - aquele que se prende a essa prática se compromete profundamente consigo mesmo. Tende ser uma pessoa egoísta porque se acostumou a criar situações para si mesmo.

Então não pode nada? O casal é livre no consenso mútuo. Ambos devem se descobrir. Esse descobrimento contínuo - a vida toda está num processo - produz liberdade. Liberdade é não se prender a situações, lugares e acessórios. 

Liberdade é a descoberta de "um só corpo". "Um só corpo" é a unidade espiritual "cinestesiada" no corpo que já não existe independente do outro. É a relação emancipada, aberta a descobertas, não dependente de coisas ainda que as prove.

O livro de Cantares de Salomão nos dá dicas. A celebração do amor acontece em todo lugar, no desfrute da vida toda ao redor: "Como são belas as suas faces entre os brincos, e o seu pescoço com os colares de joias." (1.10) "...o meu nardo espalhou a sua fragrância. O meu amado é para mim como uma pequenina bolsa de mirra que passa a noite entre os meus seios." (1.13) "...o seu fruto é doce ao meu paladar." (2.3) "A figueira produz os primeiros frutos; as vinhas florescem e espalham sua fragrância. Levante-se, venha, minha querida; minha bela, venha comigo." (2.13) "Você é toda linda, minha querida; em você não há defeito algum." (4.7) "Quão deliciosas são as suas carícias... Suas carícias são mais agradáveis que o vinho, e a fragrância do seu perfume supera de qualquer especiaria!" (4.10) "Que o meu amado entre em seu jardim e saboreie os seus deliciosos frutos." (4.16) "...ele é mui desejável." (5.10-16) "Vamos cedo para as vinhas para ver se as videiras brotaram, se as suas flores se abriram e se as romãs estão em flor; ali eu lhe darei o meu amor." (7.12)

O que dizer frente a Bíblia? Que o casal pode tudo o que quiser desde que se respeite e se ame a medida em que teme ao Senhor. Em havendo um casal assim é necessário ter um lugar "gospel"?

Qual a diferença entre um sexshop comum e um "gospel"? Eu não sei. Será que haveria fantasia do Valdomiro Santiago? Rsss. Será que haveria produtos escritos: "Venha a mim. Não te lançarei fora?" Será que os atendentes cumprimentam: "Paz e prazer irmão!" Será que tem fantasia de pastor e ministra de louvor? A entrada só seria possível com a carteirinha de membro? Jovens não casados seria proibidos de entrar? Eles receberiam uma pulseirinha: "Podemos tudo, só amanhã" e voltariam com a certidão de casamento? 

Há necessidade? Não seria mais prudente usar outros meios? Hoje há produtos que podem ser encomendados pela internet e até por revistas de perfume.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Uma Reflexão Sobre o Bumbum?

Lembrei do "popozinho" do Murilo, meu filho de 9 meses. Ontem apertei gostosamente o seu bumbum na hora de trocá-lo.

É estranho um pastor falar sobre esse assunto. Parece até que não foi Deus que fez o bumbum. Talvez alguém pense que Deus criou o corpo e o diabo fez o bumbum. Rsssss. No entanto gostei de uma reflexão histórica sobre o tema e gostaria de acrescentar algumas  considerações teológicas:


"A historiadora e pesquisadora Mary del Priore, da Universidade Salgado de Oliveira, no Rio de Janeiro, levanta três hipóteses para esse fascínio dos brasileiros pela "preferência nacional". A primeira seria religiosa, pois desde o Concílio de Trento ficou proibido qualquer posição sexual que não fosse o homem por cima da mulher. A segunda teoria remete aos costumes do tempo da colonização portuguesa. As mulheres andavam muito despidas, com camisolões, e a amamentação fazia do seio uma parte não muito desejável, enquanto o bumbum permanecia oculto pela roupa. A terceira suposição de Priore remete ao uso das anquinhas, uma armação que ficava por baixo do vestido e valorizava a parte posterior da mulher, estreitando a cintura e dando volume ao quadril. O pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) em Psicologia Walter Poltronieri busca na psicanálise de Freud uma resposta: "Pode ser a dificuldade dos homens de ver a mulher por inteiro, daí a recorta e a vê em só uma parte. (BOL, reportagem)

Enquanto hipóteses são muito interessantes, mas independentemente das razões científicas existe um fato popular: o bumbum se popularizou como fruta - algo de fácil acesso e barato. Desfruta-se e joga fora o resto.

Antes de tudo, precisamos lembrar o óbvio: Deus criou o bumbum e ele faz parte de um corpo que custou preço de sangue - do sacrifício de Jesus. Tendo custado o sangue de Jesus devemos glorificá-lO com ele (o bumbum) também (1 Co. 6.19-20).


Glorificar a Jesus hoje, nessa matéria, seria não cobiçar e não provocar a cobiça. Cabe aqui as lembranças de que as mulheres devem se vestir com modéstia, simplicidade e bom senso (1 Tm. 2.9). E de que os homens quando olham para uma mulher com intenção de arquitetar imaginações sexuais com ela, já adulterou (Mt. 5.28).


O que fazer? Não podemos "tomar a forma desse mundo" (Rm. 12.1-2). Qualquer tipo de roupa, site e outra coisa qualquer que não faça diferença entre quem serve e quem não serve a Deus, deve ser questionado.


Espero que a agora eu possa sentar em paz, embora imagine o desconforto da cadeira de alguns ao me ouvir falar sobre o bumbum nosso de cada dia.

Ah! Lembrei que seria interessante lembrar que a criação não tem propósito apenas estético, mas inclusive deontológico, isto é, deve existir uma coerência entre a coisa criada e a finalidade para a qual foi criada. (Podemos falar a respeito em outra oportunidade).


segunda-feira, 22 de abril de 2013

O que Ela Falou nos Meus 15 Anos!

"Desde o ventre, 1973, você já era um escolhido. Que você seja uma glória para Deus, um perigo para o inimigo, um testemunho para o mundo e uma força para a Igreja."

Essas foram as breves palavras que minha querida mãe, Nadir Lima, invocou sobre mim, na comemoração surpresa dos 15 anos de pastorado.

Orem por mim para que assim seja, sempre!

sábado, 20 de abril de 2013

Por Que Sofremos? O que Podemos Fazer?

Como você enfrenta os seus sofrimentos. Não se permita ser meramente vítima apacatada. Levante-se e vença. Para tanto vamos refletir juntos:

1. Por Que Sofremos?
a) É PRÓPRIO DA NATUREZA CAÍDA (Rm. 8.22-23)
Estamos nesse mundo e a sujeitos as coisas que são próprias dele. A PROMESSA DE ISENÇÃO é só na Nova Jerusalém (Ap. 21).

b) É UM PROCESSO DE LAPIDAÇÃO (Rm. 5.1-5)
Tribulação produz paciência, paciência experiência, experiência esperança...

c) É UMA ESCOLHA NA SEMEADURA (Gl. 6.7-10)
Dependendo de como vivemos já estamos determinando experiências amargas. E a LÍNGUA É DETERMINANTE nesse processo (Sl. 34.11-22)

2. Como Não Enfrentar o Sofrimento?
a) SEM MURMURAÇÃO - ELA PROLONGA A PROVA (1 Co. 10.11-13)
Você se lembra dos 40 dias transformados em 40 anos no deserto?

b) SEM DÚVIDAS - ELA É UMA AÇÃO CONTRÁRIA (Tg. 1.6-7)

3. Como Enfrentar o Sofrimento?
a) COM ALEGRIA - ELA RENOVA AS FORÇAS (Tg. 1.2 ; Neemias 8.8-10)

b) COM DEPENDÊNCIA DO SENHOR (Sl. 57.1)

c) COM ATENÇÃO E ZELO PARA COM OS INTERESSES DO REINO (Mt. 6.33)
Deus cuida das coisas daqueles que cuidam das coisas do Reino.

QUE TAL ENFRENTAR TODO SOFRER DE MANEIRA COMO DEVE SER? OS FRUTOS VIRÃO!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Você Estragou Meses da Minha Vida!

"Você estragou meses da minha vida!" Ouvi essa frase daquele vídeo no youtube sobre uma garota que estava sendo supostamente traída. Como é que se estraga meses da vida?

Quem não observou a agenda ou não acordou porque o despertador não honrou a sua vocação pode ter perdido algumas horas ou até o dia todo - sem maiores implicações.

Se o compromisso era, por exemplo, a apresentação de um  TCC na Faculdade é possível que meses foram perdidos temporariamente.

Há situações que põem em risco a integridade de um ano inteiro de investimento, de curso, de concurso etc.

E aquelas ações que num único ato, talvez de minutos, fazem desperdiçar a vida toda? Aquele tapa na "cara", o gatilho puxado, a mala feita, a passagem comprada, as costas viradas, um derramamento intempestivo de palavrórios, um abraço comprometedor... 

Talvez por isso Paulo orienta aos filipenses que vivessem uma vida de acordo com a Palavra para que seu esforço não fosse inutilizado (Fp. 2.16).

Que tal vigiar para que nenhum dia seja "estragado" e ameace a nossa breve existência.

Chamados à Comunhão com Jesus (1 Co. 1.4-9)

A consciência do chamado à comunhão começa com o desfrute da graça salvadora, se cultiva na palavra e no comprometimento ministerial enquanto se espera pelo porvir. Não é algo meramente contemplativo.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Mais Uma Menina Saiu de Casa

Hoje cedinho fui provocado a essa meditação. Vi mais uma garota, nesse caso de 13 anos, que saiu de casa.

Esse é o terceiro caso de pessoas que estão próximas de mim, e que já foram da nossa Igreja local. 

Pergunta inevitável: "Onde a falha?"

A melhor resposta vem dos pais. Eles dizem: "Não colocamos limites. Atendemos sempre às suas vontades".

Reflexão oportuna para quem tem filha ainda criancinha, que é o meu caso: "O que eu estou fazendo hoje? Estou usando a vara, aplicando a disciplina, num misto de amor e justiça?"

É mais fácil olhar pra esses casos e condenar, ainda que essa condenação seja resultado de um julgamento óbvio. Entretanto, vamos parar de olhar para o outro lado.

Existe uma criança em nossas mãos. Temos de olhar mais pra dentro de nossa casa, pra dentro de nós mesmos, pra dentro dos nossos pequenos. Clamar por misericórdia e agirmos.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Você É Servo Quem?

Servir a Deus implica servir a Igreja?

Como Ser Livre Do Medo?

O medo pode produzir adrenalina suficiente para saltarmos uma grande muralha numa atitude de fuga, mas pode também nos atrofiar.

O medo nos acorrenta, nos deprime.

Os medos são muitos. O medo pode ser até único. 

Como deles podemos ser livres? 


É uma questão de vida com Deus. Quem bebe de Deus na Palavra e se derrama na Sua presença bebe de cura e desfruta coragem.



"Deus não nos deu um espírito de medo" (2 Tm. 1.7)

"O perfeito amor lança fora todo medo" (1 Jo. 4.18) 


Muita Sede de Tudo?

Sede de quê? Temos sede de sexo, de trabalho, de lazer, de família, de leitura, de um prato especial, de ser amado e compreendido, de sucesso, de realização, de uma agenda cumprida, de compra, de pagamento, de término, de certos começos, de nos livrar da culpa, de ações que aliviam a nossa consciência etc.

Onde a nossa sede de Deus? Está embutida e disfarçada em tudo isso? Não a percebemos porque a nossa sede por coisas é maior? Ou simplesmente porque não tomamos consciência da nossa própria sede?

Temos sede de Deus e precisamos perceber. Temos sede de Deus e precisamos dEle beber. Temos sede de Deus e se nEle não mergulharmos, a nossa vida se traduzirá em meros mergulhos na vaidade e seremos abraçados "ursamente" pela ansiedade.

"A minha alma tem sede de ti, oh! Deus" - assim dizem os Salmos, que aliás podem nos ajudar nessa busca insaciável de Deus.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Deus Usa a Nossa História Pra Escrever a Dele?

Onde você nasceu? Quais as oportunidades que o cercaram? Quantas dores e privações na sua infância? O que aprendeu de bom? Quais os exemplos e até aqueles que não deve imitar?

Deus escreve a nossa história, ou simplesmente usa pra bem o que já passamos de bom ou ruim.

Lembre-se de Israel no Egito, de Ló em Sodoma, de Judá na Babilônia, de Elias na caverna, de Moisés e até Jesus no deserto, da Igreja em perseguição.

A nossa história por mais que seja mal escrita por nós, Deus pode re-escrevê-la ao seu gosto e estilo.

Que tal cooperar para que a pena de Deus conte uma nova linda história?

Ler Sua Vida É Ler a Bíblia?

Aquele que faz a confissão do Evangelho é modelo. Tudo o que a Bíblia ensina é mais bem compreendido quando é visto na vida dele.

A Bíblia na vida comunica o quê? Que realmente é possível viver o que está escrito.

Sem vivência prática o texto sagrado parece ficar separado por um abismo. Fora do alcance ético.

A vida do confesso, portanto, é uma comunicação visual da Bíblia: “Se vivo você também pode”.

Afinal tudo o que confessamos e vivemos é para os outros viverem também.

O Que É Viver Para o Senhor?

Viver para o Senhor implica na vida junto com o irmão e pra ele também. 

A vida para o Senhor precisa ser com os pés no chão. 

É no chão da gente que Deus se manifesta.



Servir Mesmo Que Ninguém Se Converta?


Valeria a pena servir a sociedade mesmo que ninguém se convertesse? Vamos dar pão sem que queiram a salvação? 

Somos "feitura" de Deus (Ef. 2.10). "Feitura" no grego é "poema". Somos"arte" de Deus não apenas na confecção do barro. Em Cristo Jesus somos obra artística de Deus para outras "artes" de boas obras.

Independentemente dos resultados fomos chamados para servir e isso promove a glória de Deus porque honra o propósito da re-criação.

A salvação de vidas não seria o propósito número um? Não. A glória de Deus no serviço é o propósito. A salvação de vidas é a consequência, não o propósito.

Se o propósito é servir com o Evangelho e a partir dele seremos alegres no cumprimento da nossa missão, ainda que ninguém se converta. Difícil, mas possível, se o prisma é a fidelidade, não o sucesso.

Não podemos deixar de fazer o bem só porque aqueles que socorremos não vêm na caminhada conosco.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Amor Como Proteção (Rm. 13.8-10)

Amar é um ato não só de renúncia dos desejos pessoais, mas especialmente respeito e cuidado pelo o que é do outro. Quem ama não apenas se protege, mas protege o que é do outro.
Não adulterar por exemplo, não é se auto-proteger do mal apenas. Seria um ato de proteção respeitosa pelo que pertence ao próximo.

Sucesso e Prosperidade aos Trabalhadores

O sucesso e a prosperidade não podem ser o propósito da vida de ninguém. Especialmente daqueles que sabem não devem diminuir a sua esperança em Cristo às coisas dessa vida (1 Co. 15.19).

Sucesso e prosperidade são frutos de uma semeadura de renúncia e investimento.

Renúncia e investimento que leva em consideração na agenda e no orçamento os interesses do Reino. Não como troca e barganha com Deus, mas porque o coração está posto no maior tesouro: "Cristo em vós - a esperança da glória" (Cl. 1.27-28).

Onde está o teu coração? 

Trabalhe com zelo e renúncia, e os frutos virão.

A Igreja Aprisiona Gente Livre

A Igreja sabe aprisionar gente livre como ninguém. 

Estávamos encarcerados no Império das Trevas e fomos transportados para o Reino do Filho do Seu amor (Cl. 1.13). E o que aconteceu depois disso?

Fomos inseridos numa comunidade de confissão cristã e lá encontramos muito além do Evangelho.

Fomos ensinados nas doutrinas locais e humanas com algumas partes do Evangelho como fundamento.

As Igrejas que se esforçam por ser bíblicas também correm muito risco de fazer listinhas do que se deve e não se deve, do pode e do não-pode. 

Somos livres em Cristo. O que ele espera portanto? 

Espera alegria na obediência à Palavra, serviço voluntário ao povo, envolvimento comprometido. 

É santidade sem moralismo. É obediência sem legalismo.

Não é fazer porque existe uma regra. Não é participar de uma coisa porque tem que fazer outra. É cantar e estudar a Bíblia porque se ama ao Senhor.

A vida cristã da Igreja e na igreja reunida será profundamente prazerosa quando entendermos que fazemos tudo o que fazemos porque somos livres do Evangelho.

É de dentro pra fora. Até quem anda errado precisa ser livre para entender que não vale a pena não ser livre. É nessa liberdade sem libertinagem que muita gente que ainda não é livre vai ouvindo, ouvindo e de repente se torna livre também.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Qual a Sua Motivação?

Não importa apenas fazer a coisa certa. Precisamos fazer com a motivação correta.

Olhos de Ressaca

Li o livro e assisti a peça Dom Casmurro de Machado de Assis. 

Bentinho foi seminarista, se apaixonou por Capitu e com ela se casou. E daquela época reencontra o amigo Escobar que é casado com a Sancha, amiga de Capitu.

O que aconteceu com essa amizade tão próxima?

Nasceu Ezequiel filho de Capitu com... Será que foi... 

O ciúme de Bentinho aumentou porque o menino se parecia com Escobar.

O impasse da possível traição se revela no olhar de Capitu que tinha "olhos de ressaca, oblíquos e dissimulados"

Olhares que brilham, que se encantam, duvidosos e sutis. 

Olhos com dupla mensagem. Olhos que parecem dizer algo mais que amizade. Olhos com olhares suavemente perigosos.

O olhar muito comunica. Ele revela o coração. A alma pode ser vista na menina dos olhos.

Então, se o teu olho te faz pecar, arranque-o (Mt. 5.29). Jesus ordena arrancá-lo porque sabe que olhares de ressaca, oblíquos e dissimulados abrem as portas do adultério e da imoralidade.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

domingo, 7 de abril de 2013

A Problemática do Mal e do Sofrimento

Minhas primeiras reflexões sobre a existência do mal se deram a partir da fala do Profeta Isaías e do pensamento do filósofo francês Paul Ricoeur (pós Segunda Guerra Mundial).

Hoje, depois de décadas, posso descansar meu coração sobre a existência do mal como sinônimo de sofrimento.

Por instinto de sobrevivência nós o evitamos como ensinava a filosofia pré-socrática hedonista da celebração do prazer como maior bem. É natural não desejar sofrer.

Deus põe o sofrimento como parte necessária na evidenciação do bem. O mal é servo na manifestação do bem. Lembra que Deus levantou Faraó em sua dureza para manifestar a sua bondade a Israel?

O sofrimento é didático. Há lições que só podem ser aprendidas no deserto.

O sofrimento nem sempre é manifestação do mal.

O sofrimento pode ser corretivo. Ele se manifesta também com a disciplina de Deus (Hb. 12.7).

O sofrimento pode ser consequência de ações impensadas e até pecaminosas. Pode ser ele o efeito que nós mesmos provocamos.

O sofrimento pode ser também um ato da livre soberania de Deus pra nos alcançar.

Tem muita gente sofrendo o que sofremos. Não estamos sozinhos (1 Pe. 5.9).

Enfim, seja ele qual for - não pode ser comparado à glória que nos será revelada (2 Co. 4.16-18 cf. Ap. 21.1-4). 

E dentro desse consolo eterno há uma grande esperança pra essa vida ainda: o sofrimento passa para aqueles que se abrigam debaixo das asas do Senhor (Sl. 57.1). Pra onde você tem corrido?

Como você tem provado e discernido o seu sofrimento? 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Professor Analógico?

O que é o professor analógico? Ele desconhece o manuseio das novas tecnologias. 

Enquanto as crianças tão cedo dominam as tecnologias digitais o professor analógico está preso ao papel ao "quadro negro". Hoje a distância não é muito grande - dependendo do contexto.

O professor analógico tem acesso às novas tecnologias porque elas normalmente chegam às escolas. Mas, sem treinamento adequado e sem que seu estilo de vida permita não terá condição de assumir uma lousa digital interativa.

Por mais que ele seja capaz pode chegar um tempo em que os seus alunos não terão condição filosófica existencial para assimilar o que desconhecem por vivência.

E aí colegas professores? Precisamos nos adequar. Que sirva aos pais e mestres em casa e na Igreja também.

Qual o Segredo do Sucesso: Propósito, Graça e Fé!

Qual o segredo do sucesso? Não são 10 passos nem 7 segredos. O que temos é simplesmente um estilo de vida que desfruta da boa mão do Senhor e ela se manifesta basicamente em propósito, graça e fé.

Propósito: não a nossa meta, o nosso planejamento e os nossos objetivos. É o propósito do Senhor que Ele define em seu próprio conselho. É fruto de sua vontade soberana. O que é dele, Ele mesmo promove.

O propósito do Senhor vem acompanhado de graça. Graça no sentido das coisas acontecerem apesar de nós. Por mais que acertemos é graça - não merecemos. A vida assim entende os próprios acertos como extensão da bondade do Senhor. A nossa capacidade, força, inteligência, habilidade, percepção etc vêem dEle, somente dEle.

A graça por sua vez não cria irresponsáveis. Quem dela desfruta precisa agir. Agir com fé e pela fé. A fé nos coloca adiante, nos faz levantar dispostos pela manhã. A fé desenvolve esperança no dia a ser enfrentado.

Enfim, quem vive sob o temor o Senhor desfrutará do Seu propósito, graça e fé, e a vida ao redor agradece.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Por Que é Tão Difícil Orar?

Orar em si, como ato livre, que está em nosso peito todo dia, não parece ser problemático. Complicado é tirar um tempo específico. Por quê?

Falta de um horário e lugar específicos. A falta da rotina prejudica.

Não estamos diante do que vemos.

O que vemos nos atrai do que o que não vemos. 

Aquilo que vemos parece ter mais sentido.

Trabalhar com o abstrato dá uma sensação de vazio.

Vazio ficamos quando não priorizamos a oração.

E por que estou escrevendo? Porque é mais fácil escrever que orar. Agora mesmo o que preciso fazer é orar. Fui!

Objetividade Com Competência

Passei hoje no Pediatra do Murilo e vi uma lição de objetividade com responsabilidade e trabalho bem feito. 

O médico não enrolou. Não conversou nada além, nem aquém. Foi objetivo e fez o que deveria fazer mesmo. Até o que não vimos já havia cumprido: "Doutor o peitinho dele parece que está chiando." Ao que respondeu: "Já vi. Está muito bem."

Objetividade assim vale a pena. Num mundo onde a velocidade se diz amiga da competência e não a inimiga da perfeição é um perigo sermos vítimas da leviandade. 

Objetividade, portanto, não pode ser confundida com rapidez irresponsável. Fazer uma coisa bem rapidinho não significa agilidade competente. 

O que acontece no magistério? O que vemos em nossos púlpitos? O que fazem os pais na educação de seus filhos?

Esperemos objetividade com toda qualidade possível e necessária.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Povo Medíocre e Rebelde

Historicamente o povo de Deus se mostra, inúmeras vezes, medíocre e rebelde. É um verdadeiro populacho.

Pensei naquilo que meus olhos vêem e me lembrei de Praia Colônia - lá no extremo da ilha de São Tomé na África. Um povo simples - o mais pobre que já vi, e a menor reunião na qual já preguei.

Também me lembrei do Congresso da Editora Cristã Evangélica em Ji-Paraná, Rondônia. Possivelmente mais 300 educadores pra receber treinamento. 

Qual o grupo mais importante? Deus olha pra ambos como Igreja dele. E a Igreja dele custou-lhe o próprio sangue (At. 28.20). 

E toda reunião onde se invoca o seu nome, em verdade, Ele se faz presente porque o que qualifica a Presença não é a quantidade nem qualidade do povo, mas primeiramente a graça da própria Presença.

Então antes de qualquer denúncia, julgamento, murmuração etc, devemos nos perguntar: "O que significa esse povo para o Senhor da Igreja?"

Não Dá Pra Não Pecar? (Rm. 7)


É possível viver uma vida sem pecado? Dá pra não pecar? Podemos vencer as nossas fraquezas? Mais vencer que não vencer e até vencer definitivamente algumas delas? O capítulo 7 da carta de Paulo aos Romanos traz a tensão que sofremos entre o viver na carne e o viver no Espírito. E Paulo o faz, a princípio, nos permitindo entender que não dá pra viver só no Espírito. Será?

Paulo introduz a questão utilizando a metáfora do casamento. Ele usa o casamento para falar sobre a nossa liberdade em relação à lei, e o faz se referindo à morte do cônjuge. Só há aliança enquanto há vida e depois da morte há liberdade (7.1-6). Estamos livres da “caducidade da letra”, que é a lei (7.6) e assim podemos nos dedicar livremente ao Senhor em santidade porque já morremos para a lei (7.4).

Paulo segue com a questão da lei e da graça. Primeiro ele deixa claro que a lei é boa, mesmo tendo ela mostrado o pecado (7.7-12). A lei é boa mesmo que tenha causado a morte (7.13-14).

Até aqui não há problemática alguma. Está clara a tensão entre lei e graça. A situação se agrava no nosso entendimento a partir do verso 15 até o versículo 24.

A maioria dos comentaristas prefere ficar com uma interpretação aparentemente mais simples. Parece mais confortável e justificável entender que há uma tensão gravíssima entre a carne e o espírito, semelhante aquela de Gálatas 5.16-26. Mas, mesmo ali quando Paulo discorre sobre as obras da carne e o fruto do Espírito ele não cogita a possibilidade de vida na carne porque seria contraditório com o Espírito. Paulo só vê a possibilidade de viver no Espírito. Ele chega a afirmar categoricamente que aqueles que são de Cristo já crucificaram as suas paixões (Gl. 5.24).

Mesmo antes do capítulo 7 ele fala de nossa liberdade sobre o pecado: “De modo nenhum. Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (6.2). É assim que nos devemos “considerar” (6.11). Essa palavra originalmente significa “calcular”.  Quem morreu para o mundo conscientemente se prepara daquilo de que abrirá mão e das mudanças que precisa assimilar. “Considerai-vos mortos para o pecado”. Essa mudança de vida acontece porque morremos para o pecado e essa morte é a morte do velho homem e a destruição do corpo do pecado (6.6). É uma obra acabada. O velho homem é diferente da natureza pecaminosa. A natureza pecaminosa permanece no crente enquanto o velho homem, esse corpo do pecado, foi “destruído” na Cruz. O termo grego para “destruído” é “katargueté” que está num tempo verbal da voz passiva cujo sentido é de que a obra foi feita completa por Ele, e nós somos tão somente os beneficiários. 

Para Karl Barth o grande tema de Romanos capítulo 7 é a religiosidade. Há uma tensão entre o homem religioso e a espiritualidade. Ele percorre seu comentário sobre o capítulo 7 pelo olhar do homem que em sua religiosidade não consegue viver no Espírito. Somente no final do capítulo quando comenta o verso 24 é que ele admite que Paulo diz respeito a realidade toda do homem antes e depois de Cristo. 

Carson vai um pouco mais além e afirma que especialmente a partir do verso 15 haveria toda contradição com o já dito e o que Paulo ainda diria nos capítulo 8. Para Carson é inconcebível um crente cheio do Espírito não deixar de fazer o que odeia e não conseguir fazer o melhor. Para ele entender o capítulo 7 como uma experiência pessoal de Paulo, uma autobiografia, é contrariar a vida no Espírito e a possibilidade de oferecer os nossos corpos como instrumento de justiça como defendido no capítulo 6.

A tensão entre a lei e graça é o olhar óbvio e coerente com o início do capítulo que fala sobre o casamento e a morte como ilustração do morrer para a lei. E para tanto Paulo se coloca como um judeu que representa todo o povo de Israel em oposição com a vida no Espírito – outra dimensão espiritual em Cristo.

Ou seja, quem está debaixo da lei só pode dizer: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo dessa morte?” (7.24). E quem já se livrou do corpo dessa morte pode então dizer: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.” (7.25ª)

Mas, como entender o restante do verso 25? “De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado.”

Se pararmos aí temos problema, mas se continuamos, e o texto continua, podemos descansar: “Porque a lei do Espírito da vida em Cristo te livrou da lei do pecado e da morte”. (8.2)

Agora então podemos melhor compreender que Paulo se coloca como representante de um povo e como tal deixa claro “De maneira que eu, de mim mesmo...” (7.25b) em sua própria raça continua aprisionado.

Mas, como “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (8.1), abre-se a liberdade em Cristo para uma nova vida. Isso lembra os heterônimos tão usados na Literatura por Fernando Pessoa. Ele criava personagens que traduziam sua própria história, mas com outros nomes e outras realidades.

E para mostrar que em Cristo tudo é diferente Paulo volta a falar da inclinação da carne e do Espírito (8.3-8). E confronta se realmente o Espírito habita em nós (8.9) porque quem tem o Espírito o corpo da carnalidade está morto (8.10-11).

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. (8.14). É assim que devemos viver e vivemos porque recebemos a adoção de filhos (8.15) e somos, graciosamente, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (8.17).

A nova vida em Cristo é vivida na perspectiva futura (8.18-30).  Mesmo os sofrimentos devem ser entendidos pelo olhar do por vir (8.18). Até mesmo a criação em sua limitação e o próprio corpo devem ser submetidos a esse olhar (8.19-23). Sem, no entanto, perder de vistas a imitação de Cristo como o nosso modelo (8.29). Aliás, vivemos em Cristo para esse fim.

O final do capítulo 8 é uma conclusão geral. Paulo faz perguntas que reportam a tudo que vimos até aqui: “Que diremos, pois, à vista destas cousas? Se Deus é por nós quem será contra nós?” (8.31) “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?” (8.33) “Quem os condenará?” (8.34) “Quem nos separará do amor de Cristo?” (8.35)

(Obs.: esse artigo foi baseado no Comentário de Karl Barth especialmente).